a poesia também se serve ao copo

Aos encontros das tertúlias dos amigos poetas e oradores, em volta do vinho tinto, do pão, das azeitonas e do xilofone (entrecosto na brasa), periodicamente realizado na taberna do João Caçola, também poeta, adaptei uma letra do Sérgio Godinho (espero que não me leve a mal) que penso ser um reflexo de muitas tertúlias das tabernas, tascos e tascas lusitanas, em que a qualidade da poesia e da oratória é diretamente proporcional aos brindes.

O primeiro copo...
(adapatdo de: "hoje é o primeiro dia...", Sérgio Godinho)


A principio é calmo, fala-se baixinho,
Bebe-se um copo golinho a golinho,
E entra uma azeitona devagarinho,
E bebe-se outro copo, outro tintinho
E vem-nos à memória uma garrafa vazia
Hoje é o primeiro copo do resto do teu dia.

Pouco a pouco, tá tudo a falar
Bebem-se copos quase sem parar
Mais um xilofone está para chegar
E os decibéis começam a aumentar
E vem-nos à memória outra garrafa vazia
Hoje é o primeiro copo do resto do teu dia.

Contam-se histórias com o arrotar
Bebe-se mais um copo para sossegar
Mais um bagacito para acalmar
E os decibéis continuam aumentar
E vem-nos à memória outra garrafa vazia
Hoje é o primeiro copo do resto do teu dia.

Para o final há pouca destreza
As palavras enrolam-se com pouca firmeza
E o cotovelo espipa-se de cima da mesa
E o colesterol a trazentos é uma certeza
E vem-nos à memória outra garrafa vazia
Hoje é o primeiro copo do resto do teu dia

Já tudo na rua, tudo na risota
Abraços e beijos, tudo na galhofa
Há quem queira dormir, diz a velhota
Pomo-nos nas “putas”, ca coisa está torta
E vem-nos à memória as garrafas vazias
Hoje foi o primeiro copo do resto do teu dia

Brinde, brinde, brinde, brinde, brinde, brinde
Brinde, brinde, brinde, brinde, brinde, brinde
Brinde, brinde, brinde, brinde, brinde, brinde
Brinde, brinde, brinde, brinde, brinde, brinde
E vem-nos à memória as garrafas vazias,
Hoje foi  o primeiro copo do resto do teu dia.


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